Tensões envolvendo os profissionais do PladAR e a União de Buenos Aires deixam rugby argentino em situação delicada
O rugby argentino vive uma séria crise, envolta por um intrincado debate. Quando em 1995 as grande nações do rugby mundial decidir por permitir a profissionalização dos atletas - o que foi proibido por um século e meio -, a Argentina tomou o caminho contrário, e reafirmou a condição amadora de seu rugby. Trata-se de uma opção ideológica ferrenhamente cultivada até hoje, cujo grande bastião está na poderosa União de Rugby de Buenos Aires, que concentra cerca de 45% dos jogadores de rugby argentinos.
Após a Copa do Mundo de 2007, a União Argentina de Rugby criou o PladAR, um plano de alto rendimento do rugby nacional que profissionalizou um seleto grupo de cerca de 40 atletas. O intuito do PladAR era de elevar o nível dos jogadores que atuam no rugby doméstico com o intuito de preparar o rugby do país dentro de uma estrutura profissional para ingressar com sucesso no futuro Four Nations (atual Tri Nations, o grande torneio anual de seleções do Hemisfério Sul). No ano passado, foi criado o Pampas XV, uma equipe formada por PladAR para disputar a Vodacom Cup, a terceira competição profissional da África do Sul, disputada no primeiro semestre do ano.
O novo capítulo das discussões envolvendo os profissionais se deu na última semana, quando os pladares que atuam em clubes da URBA enviaram uma carta à URBA pedindo que a entidade intervenha frente à UAR para que os atletas tenham a permissão de disputar o próximo Torneio da URBA, principal campeonato de clubes da entidade, que se inicia após o término da Vodacom Cup.
Até o ano passado, os chamados pladares estavam proibidos pela UAR de atuarem por seus respectivos clubes, uma vez que a entidade se posicionou contra a mescla de jogadores amadores e de profissionais. Todavia, o atual presidente da URBA, Carlos Romagnoli, que assumiu o cargo no início do ano, se posicionou de forma favorável à participação dos pladares, expressando sua posição pessoal. A carta vem gerando muita polêmica no rugby argentino, e respostas de todos os lados já foram dadas.
A decisão será tomada por meio de uma assembleia, já convocada para quinta-feira, o que não garante que a posição pessoal do presidente prevaleça, uma vez que há uma notável divisão entre os clubes da URBA. A situação entre os clubes e a URBA está tensa, alimentada também pelos recentes fracos resultados da seleção de Buenos Aires, Los Águilas, no Campeonato Argentino, classificada às semifinais somente na última rodada. Setores descontentes com a atual administração chegaram já a ameaçar criar uma liga dissidente.
Em breve teremos novos capítulos, com a decisão da assembleia e as respostas a serem dadas ao problema.
Para retomar os capítulos anteriores do conflito entre amadores e profissionais na Argentina, clique aqui e aqui.
Fontes: Periodismo Rugby e Rugby Time
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