CHRISTCHURCH, Nova Zelândia - A Nova Zelândia está a oito meses de se render à febre da "rugbimania", com a Copa do Mundo de Rúgbi da International Rugby Board, equivalente à Fifa dessa modalidade que tem lá seus laços de parentesco com o futebol. O rúgbi é o esporte dos neozelandeses, e Christchurch, que sediou até domingo passado o Mundial Paraolímpico de Atletismo, terá jogos na cidade. É um dos maiores eventos do mundo, como as Olimpíadas de Verão e a Copa da Fifa.
- Nosso país foi campeão da Copa uma vez, em 1987, na primeira edição. Em casa, é hora de ganharmos novamente - afirma Peter Maddock, gerente de projeto para a Copa.
A mística do All-Blacks
Assim como os brasileiros amam a seleção "canarinho" ou "amarelinha", pentacampeã mundial, os neozelandeses são apaixonados pelos all-blacks, a nacional de rúgbi que usa uniforme preto. É deles a tradição de dançar o haka dos nativos maoris, tão respeitados na Nova Zelândia que o hino nacional é em maori e em inglês. Dois ídolos são Dan Carter e Richie McCaw, este dos arredores de Christchurch.
- As pessoas vão lotar o estádio por McCaw e pelos all-blacks. A seleção tem muito apoio na região - garante Maddock. - Ser um dos all-blacks é a maior honra que se pode ter. Os all-blacks são uma instituição na Nova Zelândia, como a seleção no Brasil.
O rúgbi neozelandês desperta paixão em homens, mulheres e crianças. Além do rúgbi de 15, disputado no Mundial, há o rúgbi de sete jogadores em cada time, a ser disputado nas Olimpíadas do Rio, em 2016, estreando nos Jogos. Numa variação, para prevenção de choques, basta tocar o corpo do rival para evitar que progrida com a bola. Muitas mulheres a praticam. Basta andar por Christchurch e ver nas lojas camisas, bolas, bandeiras, canetas, mochilas e objetos com o nome da seleção e a samambaia prateada, símbolo do país. Maddock destaca:
- As pessoas amam o rúgbi, de verdade. Quando tenho tempo, jogo com os amigos. Felizmente, tenho o privilégio de trabalhar na Copa, um dos maiores eventos do esporte.
Maddock trabalha na empresa privada VBase, que administra o estádio municipal. É como se o Maracanã, que é do estado, fosse administrado por uma empresa privada:
- Este estádio foi construído em 1881 e reformado em janeiro de 2010, quando foi inaugurada a Deans Stand (a Tribuna Deans, numa lateral do campo). A outra lateral se chama Paul Kelly, e atrás de um dos gols (em forma de H) está a Hadlee. Atrás do outro gol, se situa a Tui Stand. A AMI é seguradora, e na Copa, o nome será Stadium Christchurch.
A capacidade é de 39.713. Na Copa, será de 45 mil, com assentos temporários. O estádio tem quatro vestiários e seus camarotes alugados a empresas.
- Nosso estádio é menor apenas que o Eden Park, de Auckland, para 60 mil. Na Copa, serão sete jogos aqui, incluindo duas quartas de final. Semifinais e finais serão em Auckland. Provavelmente, os all-blacks jogarão aqui nas quartas - disse Maddock, acrescentando que o local serve ao Crusaders (time local), ao futebol e ao cricket.
Em 1995, a Nova Zelândia perdeu o título para a África do Sul, no que originou o filme "Invictus". A sétima Copa irá de 9 de setembro a 23 de outubro. Em 2007, na França, a campeã foi a África do Sul. No Grupo A, além da dona da casa, estão França, Tonga, Canadá e Japão. No B, Argentina, Inglaterra, Escócia, Geórgia e Romênia. No C, Austrália, Irlanda, Itália, Rússia e EUA, e no D, África do Sul, País de Gales, Fiji, Samoa e Namíbia.
O rúgbi engatinha no Brasil, para o qual foi trazido por Charles Miller, que trouxe o futebol, em 1894. Neste fim de semana, Bento Gonçalves (RS) é sede dos Sul-Americanos masculino e feminino de Rúgbi para sete. No masculino, a melhor entre Brasil, Paraguai, Peru, Colômbia e Venezuela vai ao Pan-Americano, em outubro, no México. Será a estreia do rúgbi no Pan. Argentina, Uruguai e Chile já estão classificados. No feminino, o Brasil, hexa sul-americano, está no Grupo A, com Argentina, Venezuela e Paraguai. O B tem Colômbia, Uruguai, Chile e Peru. No Rio, a melhor equipe "rugbier" é o Niterói. Sede olímpica de 2016, o Vasco quer escolinhas em São Januário, Jacarepaguá (a partir de março); São Gonçalo e Santa Cruz.
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