
Ao perder para o Brasil por 7 a 0 no Sul-Americano de Sevens 2011, os Pumas perderam também uma invencibilidade de 75 anos contra seleções da América do Sul.
O incrível feito protagonizado pelos brasileiros acabou repercutindo pouco na imprensa argentina, em virtude da participação do país, no mesmo final de semana, em uma etapa do Circuito Mundial. No entanto, segundo o jornalista argentino Frankie Deges, não passou incólume. Editor do portal Tackle de Primera, colunista dos jornais Buenos Aires Herald e Ámbito Financiero, colaborador do IRB e corresponsável pelo programa Total Rugby, Frankie já cobriu mais de 225 jogos internacionais em 26 países.
O experiente jornalista argentino relata que a quebra de uma marca histórica que há tempos era sinônimo de orgulho aos Pumas, serviu de alerta. Para Frankie, o rúgbi sul-americano está se desenvolvendo a passos largos e deve ser respeitado.
- De nenhuma maneira a derrota argentina deve ser encarada com naturalidade. Apesar de não ter sido a melhor equipe argentina a responsável pelo o que aconteceu, o rúgbi do nosso país deve assumir agora que já não basta somente a presença, que agora a região cresceu e deve ser respeitada. Servirá para entender que se deve ter responsabilidade na hora de vestir a camisa argentina – diz.
Frankie acompanha o crescimento do rúgbi brasileiro há dez anos – já cobriu treze jogos do Brasil -, e também falou, com exclusividade ao Terceiro Tempo, sobre a forma como a grande escola do rúgbi no continente digeriu a derrota para um país que até então não era ameaça.
Como os argentinos estão acompanhando a rápida evolução do rúgbi brasileiro, que surpreendeu o continente ao quebrar a longa invencibilidade dos Pumas no Sul-Americano de Sevens?
Venho seguindo o rúgbi brasileiro faz mais de uma década, e joguei no país em uma gira em 1984 quando com uma equipe colegial vencemos três partidas contra equipes adultas. Isso hoje não se repetiria. O rúgbi no Brasil se desenvolveu muito nos últimos anos, e sinto que está sempre pronto para dar um grande salto. Recordo de ter escrito em 2001 que o país era um gigante adormecido. Entre a quantidade de habitantes e de brasileiros que praticam esportes, a equação é muito positiva para o rúgbi. Os Jogos Olímpicos abrirão portas importantes. Entendo que a CBRu está bem preparada para o boom. Seria muito bom.
Você acredita que o rúgbi brasileiro pode ser a segunda potência na América do Sul?
Depende do Brasil. Já são líderes no rúgbi feminino. Quanto aos homens, é questão de competência. O êxito da equipe de seven está concretizado porque é uma equipe que vem junta há alguns anos. Vários dos jogadores, incluindo seu coach, lembro que estiveram em 2004 em um seven em Mar Del Plata. Agora vem a renovação, já que falta muito para os Jogos Olímpicos.
E a equipe de XV?
A equipe de quinze deve jogar, jogar e jogar. O Sul-Americano em maio será um momento chave. Quando venceram o Paraguai em Assunção, em 2008, fizeram com uma entrega e paixão destacáveis. Se puderem repetir isso com os adultos e juvenis e se acostumarem a vencer, porque não podem pensar em ser a segunda potência regional? A Argentina está muito acima de todos; Canadá e Estados Unidos dois ou três escalões abaixo. Logo Uruguai, logo Chile e depois Paraguai/Brasil. São os passos a seguir.
Qual é o caminho para fazer do rúgbi uma paixão nacional no Brasil, como é na Argentina?
Cada mercado é distinto. Me pareceram muito boas as publicidades da Topper para primeiro estabelecer o rúgbi no mercado esportivo. Logo, que cada menino que se aproxime do rúgbi tenha um mestre para lhe ensinar. Essa é a chave do rúgbi argentino: a enorme massa de pessoas que amam o rúgbi e querem devolver às crianças e jovens os valores morais do rúgbi e seus fundamentos técnicos (passe, chute, tackle). Quanto antes o jogador abraçar o rúgbi, melhor para ele. E melhor será o futuro para o rúgbi brasileiro.
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