TEMPLÁRIOS RUGBY CLUBE

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3 de mar. de 2011

FALANDO DE RUGBY - PAULINHA ISHIBASHI

Grande entrevista com um dos ícones do rugby feminino nacional! Com vocês, Paulinha!

Para o leitor uma das personagens centrais da brilhante história do rugby feminino nacional! Paulinha Ishibashi em uma excelente entrevista! Imperdível!

Ficha técnica

Nome: Paula Harumi Ishibashi

Apelido no rugby: Paulinha

Idade: 26 anos

Nacionalidade: brasileira

Clube atual: SPAC

Seleções que defendeu: Seleção Brasileira Feminina de Rugby e Seleção Brasileira Feminina Universitária de Rugby

Posição: Abertura/half

1 - Com quantos anos começou a jogar rugby? Quando o rugby passou a ser parte de sua vida?

Comecei a jogar rugby quando tinha acabado de completar 15 anos. Na época, fui participar dos treinos no SPAC por intermédio de amigos do colégio. Acredito que ele começou a fazer parte da minha vida, quando me vi abrindo mão de um trabalho para poder participar de uma competição no final de semana. Não significa que antes disso, o rugby já não tenha me cativado desde o início, porém, percebi que comecei a abrir mão de diversas coisas para me dedicar melhor ao meu time, e isso nunca tinha acontecido em toda minha vida. O único esporte que havia praticado anterior ao rugby, foi o handball no colégio. Eu terminei o colégio e parei com o handball, já o rugby, me acompanha até os dias de hoje.

2 – Como se prepara para cada partida?

Confesso que para o frio na barriga antes de entrar numa partida, não existe remédio ou solução. E ainda bem que não existe, caso contrário não haveria a menor graça! Mesmo assim, procuro ao máximo me manter calma, focada. Já separo minhas coisas para ficar pronta para o aquecimento, porque sou bastante ansiosa e odeio esquecer alguma coisa ou não ter tempo o suficiente para me trocar (uniforme, bandagem, arrumar cabelo). Depois disso, fico repassando as jogadas mentalmente, me imagino em campo nas situações de ataque ou defesa, qual serão as melhores decisões á tomar, tento pensar sobre as características do nosso adversário, converso bastante com as meninas que jogam na linha, porque são com elas que irei executar as jogadas, sempre procuro relembrar alguma coisa para o time antes de entrarmos em campo, qual a situação do dia: clima, estado do campo, dimensões do campo, quem começa jogando, etc. Passa muita coisa pela cabeça, acredito que todas elas envolvam minha preparação. Acho importante que cada um tenha seu “ritual”. Se a pessoa gosta de ouvir música antes de entrar em campo, se ela prefere aquecer algo à parte, se gosta de ficar no seu canto, em silêncio, tudo isso acho válido e importante. É o momento individual da pessoa. Se ela consegue se preparar dessa maneira para jogar melhor coletivamente, e se isso vai ajudá-la, é muito importante respeitar tudo isso.

3 - Poderia nos contar algo sobre um momento memorável como jogadora de rugby?

Esse final de semana, após a última etapa do circuito brasileiro, em Curitiba, tivemos um momento muito marcante durante o nosso retorno para São Paulo. Levantamos a questão do que é o rugby na sua vida, e cada jogadora pode se expressar e contar resumidamente. Embora todos os depoimentos tenham sido muito emocionantes, e isso também foi um momento memorável, uma pessoa de fora do time falou algo que cabe bem nessa questão. Ele não joga rugby (ainda!rs), é marido de uma das nossas jogadoras e nos acompanha desde quando sua esposa começou a jogar conosco. Ele é do esporte, é praticante de outra modalidade e então, entende como é a vida de jogador(a)/atleta. Achei interessante que ele disse o seguinte: “As vitórias, elas são alcançadas sim. Com muito esforço, dedicação, empenho você chega lá. Mas o caminho que fizemos até chegar a vitória é que nos marca de verdade. Tudo aquilo que passamos, que temos de enfrentar, abrir mão, correr atrás para que dê certo, é que realmente nos marca para toda a vida. E são desses momentos que nos lembramos quando chegamos lá na frente.” Então, para mim, o momento memorável são todos os anos que eu vivi e ainda vivo com o rugby, tudo o que eu conquistei, entre jogos, amigos, as experiências que tivemos são para a vida. As vitórias elas podem ser conquistadas, mas o que vale mesmo foi o caminho que nos traçamos até chegar lá. Esse caminho tem muita história e muito valor.

4 - Como você avalia o heptacampeonato e a hegemonia brasileira no Sul-Americano de Sevens?

Eu vejo isso como reflexo de todo o trabalho das equipes femininas de rugby no Brasil. Se não tivéssemos elevando cada vez mais o nível dos jogos nos circuitos brasileiros, nada disso seria possível. Cada clube passa por sua dificuldade, é difícil manter um time, chamar mais meninas para treinar, evitar lesões, bancar as viagens do próprio bolso. Mas é ai que eu vejo a força do rugby feminino brasileiro. Não temos nada de graça. Começamos tudo isso sem apoio, mas nós acreditamos e buscamos ser o melhor dentro de toda essa situação. Antes mesmo de participarmos do primeiro Sulamericano, houve uma tentativa de levar uma seleção brasileira para um jogo com a Venezuela, que até então, era uma forte equipe da América do Sul. Porém, não foi possível. Veio então, a chance de participar do Sulamericano em 2004, e dessa vez, nada poderia nos impedir de mostrar toda a nossa vontade. Não posso deixar de ressaltar também, o apoio, trabalho e confiança que todos os treinadores depositaram na nossa equipe durante todos esses anos. Para mim, não importa se é a nossa sétima conquista. Cada uma delas tem o seu valor, sua história e foi importante para subirmos mais um degrau. E é reflexo de todo nosso empenho, dedicação, amizade, suor, superação e muita fé.

5 – Quais as expectativas para a modalidade de XV feminina?

Tivemos a chance de experimentar a modalidade por algumas vezes. SPAC e Band já fizeram um dos primeiros amistosos de rugby XV no Brasil, porém, na época, parecia mais um seven com quinze pessoas. Nenhum dos times teve a chance de realmente treinar o estilo de jogo do XV e essa modalidade ainda não está absorvida e incorporada na equipes femininas brasileiras. Tivemos outras experiências como a viagem para a Holanda em 2008, quando tivemos a oportunidade de experimentar realmente o estilo do XV, e em 2009, fizemos as seleções regionais e jogamos em algumas regiões do Brasil. Porém, em todos esses jogos, ou tivemos de juntar equipes adversárias para formar uma equipe de XV ou formar realmente uma seleção brasileira, como foi o caso da viagem para a Holanda. Isso se deve á quantidade de meninas que é necessário para jogar XV. Acredito que o problema maior que enfrentamos é saber realmente se todos os clubes possuem meninas o suficiente para jogar todas as etapas sem desfalque. Sabemos das chances de lesões que temos, meninas que não poderão participar de alguma viagem por outros motivos, então, acredito que a maior preocupação ainda é aumentar a quantidade de praticantes para conseguirmos fazer um bom campeonato, se ele houver. Por enquanto, eu particularmente, não estou criando “muita” expectativa, porque acredito que os clubes precisam estar bem estruturados para seguir firme na preparação do XV, que é muito diferente do seven.

6 - Qual sua visão sobre o presente e o futuro das seleções brasileiras?

Eu estou muito satisfeita e feliz pelas conquistas desse último Sul-Americano. Realmente não é nada fácil trabalhar duro na preparação durante o ano inteiro, e ainda ter de conciliar com trabalho, faculdade e família. Começamos uma nova fase, onde o apoio e o patrocínio começaram a fazer a diferença, mas ainda assim, precisamos de muito mais se quisermos enfrentar os times de alto nível. Para continuar evoluindo, precisamos cada vez mais desse incentivo e de profissionais que vão nos ajudar durante o trabalho de preparação. Com certeza, isso tudo que foi feito até agora, é muito diferente do que tínhamos á dois anos atrás, e pudemos sentir a diferença. Ainda assim, para chegarmos ainda mais longe, é necessário muito mais treino. Se formos comparar nossa preparação com de atletas de ponta, nós ainda estamos engatinhando. Os atletas treinam várias horas ao dia, enquanto nossas seleções fazem encontros mensais. Para a nossa realidade, isso já foi uma melhora, pois nossos encontros eram menos freqüentes do que são agora. Porém, se queremos realmente chegar mais longe, será necessário um trabalho muito mais intenso. Ainda não é possível abrir mão do trabalho para viver de rugby e poder se dedicar mais horas ao dia para isso, quando nos lesionamos ainda não possuímos um plano médico feito para atletas da seleção, então, quando eu me machuco, fico realmente preocupada, porque não possuo essa cobertura. Minha expectativa é de que tudo isso, nós venhamos a conquistar ao longo dos anos, porém, com pouco mais de organização e segurança para nós, atletas do rugby. Se querem nosso melhor, precisamos dos melhores profissionais trabalhando conosco, de mais apoio e patrocínio, de mais treinos e competições, e com certeza, um plano de preparação que vise o desenvolvimento das categorias de base, que são elas que irão garantir o nosso futuro.









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